A pandemia da Covid-19 provocou um recuo na venda de automóveis e um disparo na venda de telemóveis, consolas e computadores. Agora, num momento em que a produção automóvel recupera, os fabricantes automóveis estão a ter dificuldades em comprar chips.
Escrita Por: Administração | Publicado: 4 years ago | Vizualizações: 13 | Categoria: Mercado
Telemóveis, televisões, computadores, consolas e automóveis. O mundo moderno funciona à base de microchips também conhecidos só por chips ou semicondutores. Um bilião de chips de silicone são produzidos anualmente em todo o mundo, mas a pandemia da Covid-19 veio revelar o que é, afinal, um frágil ecossistema mundial.
Em resultado desta escassez, a maior exportadora nacional, a Autoeuropa, vai fechar portas durante uma semana, deixando de produzir 5.700 unidades entre os dias 22 e 28 de março. A produção vai ser retomada no turno da noite às 00h00 de 29 de março.
“Como consequência do agravamento da escassez de semicondutores que afeta globalmente o sector automóvel, a Volkswagen Autoeuropa interromperá a sua atividade na próxima semana”, disse a fábrica portuguesa da Volkswagen.
“A distribuição condicionada de semicondutores na indústria automóvel, que não tinha até ao momento provocado qualquer interrupção na atividade da fábrica de Palmela, obriga agora a cancelar todos os turnos de produção entre os dias 22 e 28 de março”, segundo a unidade da marca alemã localizada em Palmela, distrito de Setúbal.
Entre 50 a 150 chips por carro
Mas que chips, ou semicondutores, são estes e porque é que existem uma escassez global dos mesmos?
A pandemia da Covid-19 provocou um disparo mundial nas compras de consolas de jogos, computadores portáteis e televisões, devido à procura por maior diversão caseira, mas também devido ao teletrabalho e ao ensino à distância.
Isto provocou um esgotar dos chips que, além da indústria tecnológica e de entretenimento, também são usados pela indústria automóvel: um carro pode ter entre 50 a 150 chips.
Estes chips são usados nos automóveis para o sistema de entretenimento, travões, sistemas de assistência ao condutor, painéis digitais, como o velocímetro, sistemas de navegação, e também nos carros elétricos.
A Volkswagen já avisou que vai produzir menos 100 mil automóveis em todo o mundo no primeiro trimestre. Já a Honda e a Nissan esperam vender menos 250 mil automóveis no primeiro trimestre devido à escassez. A Toyota anunciou em fevereiro que tem um stock para quatro meses, permitindo-lhe gerir com mais conforto esta crise.
A norte-americana General Motors, por seu turno, anunciou em fevereiro que iria suspender a produção em três fábricas e desacelerar a produção numa quarta, enquanto a Ford fechou uma fábrica na Alemanha durante um mês.
Impacto de 60 mil milhões de dólares na indústria
A consultora AlixPartners aponta que esta falta de chips vai ter um impacto de 60 mil milhões de dólares nas receitas da indústria automóvel este ano – incluindo produtores, fornecedores e retalhistas – segundo a consultora sediada em Nova Iorque citada pela CNBC.
Os maiores fabricantes mundiais de chips incluem a Infineon, NXP, Texas Instruments, Renesas e Nvidia. As maiores fabricantes a nível mundial são a norte-americana Intel, a sul coreana Samsung, a Taiwan Semiconductor Manufacturing, a Qualcomm dos EUA, e a SK Hynix da Coreia do Sul.
Ao mesmo tempo que o confinamento provocou um disparo nas compras destes equipamentos, várias fábricas na China e em Taiwan, duas das maiores produtoras mundiais de chips, foram obrigadas a fechar durante vários períodos devido à pandemia.
“Vamos sofrer com isto em 2021. Não todos os modelos, mas alguns podem ficar limitados”, disse à CNN o presidente executivo da Volkswagen Herbert Diess.
A Volkswagen estima que, até agora, já foi prejudicada em 100 mil automóveis, e que a marca alemã já não vai conseguir recuperar esta produção perdida no resto do ano.
Por sua vez, a Porsche alertou para que esta crise pode afetar severamente a indústria automóvel este ano. “O tema dos semicondutores é muito sério porque toda a indústria pode ser afetada devido à grande procura por produtos eletrónicos de consumo e o regresso acelerado do sector automóvel. Isto pode vir a afetar-nos diariamente, temos de ficar muito atentos nos próximos dias e meses”, disse o presidente executivo da Porsche, Oliver Blume, em fevereiro à CNBC.
No segundo trimestre de 2020, os fabricantes automóveis reduziram a sua produção e compras de chips devido à pandemia da Covid-19. Ao mesmo tempo, os fabricantes de chips registaram um aumento na procura devido ao disparo nas vendas de eletrónica de consumo relacionado com o confinamento, teletrabalho e ensino à distância.
Entre a encomenda, produção e entrega, os clientes só recebem, em média, os chips comprados ao fim de 26 semanas, segundo a Semiconductor Industry Association dos EUA.
Um especialista no sector dos semicondutores, Hermann Hauser, apontou outro problema para o sector automóvel: com margens muito apertadas, os fabricantes de semicondutores preferem fazer negócio com o sector tecnológico onde as margens são maiores. “É por isso que a indústria automóvel está numa situação apertada”, disse à CNBC.
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